Ideias a retirar:
O Tencel Lyocell e Modal são duas fibras semissintéticas que têm como matéria-prima madeira proveniente de florestas responsáveis.
Tanto a Circulose como a NuCycl utilizam desperdício têxtil de origem celulósica para criar produtos de moda.
O AirCarbon captura dióxido de carbono, transformando-o em poliéster biodegradável, que tem um impacto reduzido (ou até mesmo positivo) no ambiente.
Na primeira parte desta publicação, apresentámos cinco fibras muito utilizadas nas cadeias de produção de marcas mais sustentáveis, nomeadamente o cânhamo, o cupro, o Econyl e as alternativas à pele animal, como a Piñatex e a Mylo. Desta vez, reunimos cinco exemplos cuja utilização é menos comum; no entanto, representam casos de inovação que merecem ser investigados.
Tencel (Lyocell e Modal)
Há quem lhes chame apenas Tencel. Há quem distinga entre Tencel Lyocell ou Tencel Modal (são fibras diferentes, por isso faz sentido). E há quem dispense o primeiro nome, adotando as designações de Lyocell ou Modal. Regral geral, todos estes nomes fazem referência a um grupo de fibras semissintéticas, provenientes de materiais celulósicos, e criadas pela empresa austríaca Lenzing. Vamos descobrir o que cada designação significa?
Tencel é o nome da principal marca de têxteis desenvolvida pela Lenzing. O seu portefólio contém três fibras que podem ser utilizadas na indústria da moda: Tencel Lyocell, Tencel Modal e Tencel Lyocell Filament. Estas são provenientes de florestas geridas de forma responsável (geralmente, num sistema fechado), tendo a madeira como a sua principal matéria-prima – daí serem chamadas “fibras celulósicas”.
Sob a designação Tencel Lyocell encontram-se os têxteis provenientes de eucaliptos. A sua grande vantagem face a outras fibras celulósicas está no processo químico necessário à sua transformação: os solventes são recicláveis, com uma taxa de recuperação de 99,8%, e a água é também reutilizada, criando um sistema circular para a produção de novos materiais. No entanto, este é também um processo que consome muita energia e, quando o Lyocell é misturado com outras fibras na produção de um bem de moda, tal minimiza o seu potencial de reciclagem.
Por sua vez, o Tencel Modal é derivado da madeira de faia. A sua produção é ligeiramente diferente da do Lyocell: é mais eficiente em energia, mas não é tão bem-sucedida no campo da circularidade. Na moda, destaca-se pela sua durabilidade e suavidade, sendo muitas vezes utilizado em peças de activewear. Tal como o Lycocell, o Modal é biodegradável, à exceção de quando é misturado com outras fibras.
Por fim, é ainda importante referir que a Lenzing não é a única produtora de Lyocell e Modal. Porém, na Europa, a grande maioria destas fibras são provenientes das suas florestas.
Circulose
A Renewcell é uma empresa que tem contribuído de forma significativa para a circularidade do setor têxtil e a Circulose é o resultado da sua investigação nesse campo. Este material é composto unicamente por desperdício têxtil pós-consumo (isto é, peças de roupa que foram usadas e descartadas) que seja maioritariamente proveniente de materiais celulósicos – por exemplo, Lyocell e Modal.
A sua primeira vantagem é evidente: reduz o desperdício têxtil, não só porque vê nas peças já produzidas a sua matéria-prima, mas também porque contribui para diminuição da extração de materiais virgens. Embora seja um processo intensivo em energia, a Circulose é produzida em fábricas na Suécia que operam apenas com recurso a energias renováveis. Para produzir uma peça de roupa, contudo, este material tende a ser misturado com fibras celulósicas virgens.
NuCycl
De forma similar à Circulose, a NuCycl é um tipo de tecnologia que permite dar uma nova vida ao desperdício têxtil de origem celulósica. Criada pela Evrnu, uma empresa estadunidense na vanguarda da reciclagem têxtil, esta permite criar dois tipos de fibras: uma é composta na totalidade por desperdício têxtil e outra combina 31% de desperdício com 69% de madeira certificada pela FSC. O seu principal objetivo passa por criar produtos de moda que possam ser eternamente reciclados.
AirCarbon
E se fosse possível capturar dióxido de carbono e transformá-lo numa fibra têxtil? Para a Newlight Technologies, isso não é uma pergunta – é uma realidade, materializada na sua grande inovação, o AirCarbon. Este material é produzido por microrganismos presentes na Natureza cuja função é capturar os gases de efeito de estufa e transformá-los em polihidroxibutirato (PHB), uma espécie de poliéster biodegradável. Quando arrefecido, o PHB pode ser moldado para dar origem a diferentes materiais, entre os quais fibras têxteis.
O resultado é um material que, ao contrário dos seus pares sintéticos, pode regressar à Natureza e voltar a ser consumido pelos microrganismos que o produziram, funcionando num processo circular. Para além disso, tem um impacto positivo nas emissões de carbono, já que captura mais dióxido de carbono do que aquele que é libertado na sua produção.
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