Qual é a forma mais sustentável de consumir?

Há uma pirâmide que ajuda a perceber quais são os comportamentos de moda que possuem um menor impacto ambiental e social.
Há uma pirâmide que ajuda a perceber quais são os comportamentos de moda que possuem um menor impacto ambiental e social.

Ideias a retirar:

A partir da pirâmide de necessidades de Maslow, Sarah Lazarovic criou a Buyerarchy of Needs: um esquema que ordena os comportamentos segundo a sua sustentabilidade.

A ação mais sustentável é usarmos aquilo que já temos, seguindo-se do uso de coisas que os outros têm, pedindo emprestado, alugando ou realizando uma troca.

Comprar em segunda-mão é o quarto comportamento mais sustentável, sendo seguido dos hábitos que implicam a alteração ou construção de uma peça de roupa.

No topo da pirâmide está a compra de produtos novos, dando prioridade às marcas que revelam valores ambientais e sociais positivos.

 

Provavelmente já ouviram falar da pirâmide de necessidade Maslow – aquele esquema, muitas vezes associado à psicologia, que categoriza as necessidades humanas e as ordena de acordo com a sua importância. Não é disso que vamos falar hoje, mas sim de uma adaptação dessa reconhecida pirâmide, desta vez direcionada para os nossos hábitos de compra.

Chamam-lhe Buyerarchy of Needs (poderia tentar traduzir para português, mas a missão seria completamente falhada) e foi criada por Sarah Lazarovic, autora e reconhecida ativista ambiental. No fundo, esta é uma pirâmide de necessidades que ordena os comportamentos segundo a sua sustentabilidade – quanto menor for o impacto negativo de uma determinada ação, mais abaixo estará na pirâmide. Hoje, vamos aplicar este esquema à indústria da moda, para perceber qual é a maneira mais amiga do ambiente de criar um guarda-roupa.

Adaptado de Sara Lazarovic, "The Buyerarchy of Needs".

1. Usa o que tens

A peça de roupa mais sustentável é aquela que já tens no teu armário. Não importa se é uma compra antiga de fast fashion, se é feita de poliéster ou se foi produzida no Bangladesh. Já a tens, por isso, mais vale usá-la até chegar ao fim do seu ciclo de vida (e, aqui, “fim” não significa que tem de ser descartada – os próximos pontos apresentam várias soluções para prolongar a sua duração). A adoção regular deste comportamento ajuda a minimizar a necessidade de consumo, tal como mantém os gastos de recursos, como água e eletricidade, no seu mínimo.

2. Pedir emprestado ou alugar

Todos temos aquela peça de roupa que comprámos para uma ocasião específica e agora está a ganhar pó no armário, à espera de voltar a ver a luz do dia. Seja para um casamento, uma viagem à neve ou umas férias paradisíacas, por vezes precisamos de produtos que não se encaixam nas necessidades do nosso quotidiano. Porém, será que temos de os comprar? Claro que não, existem outras opções mais sustentáveis para o ambiente e para a nossa carteira. Podemos pedir emprestado a um amigo ou familiar que tenha passado por uma ocasião similar ou podemos alugar a uma empresa que ofereça esse tipo de serviços. Qualquer uma destas opções ficará mais barata (ou completamente gratuita) do que a compra e é muito mais amiga do ambiente, já que estaremos a usar coisas que outras pessoas já têm. 

3. Trocar

Eu sei que os swap markets não foram inventados no século XXI, mas, se fossem, teria todo o gosto em declarar que os swap markets são a melhor (re)invenção do século XXI. Imaginem entrar num evento com cinco peças de roupa e sair com outras cinco peças completamente diferentes sem gastar um único cêntimo: parece um sonho, não é? Mas é realidade. Trocar produtos com amigos ou desconhecidos é uma forma bastante sustentável de renovar o guarda-roupa, para além de ser muito acessível ao nível financeiro. 

4. Comprar em segunda-mão

Quando não é possível usar o que já temos, pedir emprestado, alugar ou trocar, a compra é a ação a adotar de seguida. Todavia, esta não é uma compra qualquer, visto que parte de peças de roupa que já foram produzidas há alguns anos, mas que procuram uma nova casa. Existem milhares de milhões de produtos de moda em segunda-mão disponíveis por todo o mundo, por isso, a oferta está longe de ser escassa. Seja em lojas físicas ou online, numa feira ou num baú particular, realojar uma peça de roupa impede que esta seja descartada num aterro e contribui para a redução da exploração de recursos no Planeta Terra.

5. Fazer ou refazer

Agarre-se na agulha e no dedal que está na altura de falar de costura. Vamos já tirar o elefante da sala: sim, eu sei que esta prática envolve um tipo de capacidades que nem toda a gente tem (incluindo eu), mas isso não significa que tenhamos de descartar esta opção. Durante uns anos, pareceu ser uma espécie em vias de extinção, mas ainda existem costureiros, alfaiates e modistas por este mundo fora que nos podem ajudar a dar uma nova vida às nossas peças de roupa. Falamos de upcycling (recuperar peças antigas), pequenos arranjos ou tecidos à espera de ser moldados às curvas do nosso corpo. Esta não só é uma forma de apoiarmos negócios locais, como também de dar asas à criatividade. 

6. Comprar novo

Ao ver que todas as outras opções não vão ao encontro daquilo que procuramos, chegamos ao topo da pirâmide: a compra. Aqui, sim, falamos de produtos novos, com recursos extraídos unicamente para a sua produção (sendo esse um dos pontos que faz desta prática a menos sustentável). Se possível, é preferível apoiar marcas cujos valores se assemelham às nossas preocupações ambientais, que utilizem materiais reciclados ou biodegradáveis e apostem numa produção ética, em que os direitos dos trabalhadores estejam assegurados.

 

Encontraste algum erro ou imprecisão? Ficaste com dúvidas? Envia-nos um e-mail para info@ethica.pt.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *