Ideias a retirar:
A sustentabilidade é uma forma de viver, pensar e agir que permite responder às necessidades da população sem comprometer a resposta às necessidades das gerações futuras.
Existem três pilares: ambiental, social e económico. Há quem distinga mais dois componentes, o humano e o cultural.
Um sistema sustentável é mais do que proteger o ambiente – é também proteger as comunidades, os indivíduos e até as próprias empresas.
Não deve existir ação sem compreensão. É por isso que, enquanto consumidores, faz parte dos nossos direitos termos o conhecimento necessário à tomada de decisões conscientes e responsáveis. E, quando falamos da indústria da moda, esse conhecimento começa por se entender o significado de uma das palavras mais proferidas atualmente: sustentabilidade.
Então, o que é a sustentabilidade? À medida que este termo foi ganhando importância, também foram surgindo diversas interpretações. Não obstante, sustentabilidade não é uma palavra que devemos aplicar quando queremos e onde queremos. É um termo que, tal como todos os outros, obedece a uma definição. Comecemos por analisar a sua explicação mais elementar, que é aquela que pode ser encontrada no dicionário.
Sustentabilidade (n.)
- Qualidade ou condição do que é sustentável.
- Modelo de sistema que tem condições para se manter ou conservar.
Centremo-nos no ponto 2. A sustentabilidade é, no seu núcleo, uma forma de viver, pensar e agir que permite responder às necessidades da população sem comprometer a resposta às necessidades das gerações futuras. Por outras palavras, se a população, durante o seu tempo neste planeta, consumir todos os recursos existentes, esses mesmos recursos não estarão disponíveis para as próximas gerações. Daí a utilização recorrente da expressão “consumo sustentável”, que reflete a ideia de que podemos tomar a nossa parte sem impedir outros de tomar a sua.
Há outro engano que muitas vezes rodeia a utilização deste conceito. Apesar de ser uma das questões mais abordadas no tempo presente, não é apenas a destruição dos ecossistemas naturais que se revela uma ameaça para as gerações futuras. Quando pensamos em sustentabilidade, a nossa mente viaja automaticamente para o ambiente. Todavia, este não é o único pilar que rege o referido conceito. Existem três pilares, ou quatro (e até mais, dependendo da abordagem que escolhemos), mas hoje vamos debruçar-nos sobre os três principais componentes.
Quando se aborda esta temática em inglês, é possível dizer que a sustentabilidade se baseia nos três Ps – planet, people, profit. Em português, estes traduzem-se como planeta, pessoas e lucro, respetivamente. Apesar de não ser uma abordagem aceite ao nível universal, um sistema sustentável tipicamente assenta num pilar ambiental, num pilar económico e num pilar social. Há ainda quem adicione um quarto pilar – o humano, separando a sociedade do indivíduo – e um quinto – o cultural, cada vez mais relevante nos dias que correm. É comum estes pilares serem tratados como parâmetros isolados, contudo, um verdadeiro modelo sustentável consegue interligá-los, mesmo quando os valores parecem, à primeira vista, não corresponder entre si. Por exemplo: será possível obter lucro (pilar económico) e manter uma exploração sustentável do ecossistema (pilar ambiental)? Sim, desde que os dois pilares estejam equilibrados. Da mesma forma que um edifício acabará por ruir se não tiver as suas fundações niveladas, a sustentabilidade não sobrevive no meio do desequilíbrio.
Existe um medo generalizado de que a abordagem da sustentabilidade a partir de três pilares diminua a importância que tradicionalmente lhe é atribuída no campo ecológico. Todavia, apostar num componente não implica a diminuição da relevância de outro. Ambiente, economia e sociedade têm, individualmente e em conjunto, um papel a desempenhar, nomeadamente:
· Ambiente: é a proteção do capital natural. Garante que a intervenção humana respeita e, acima de tudo, não prejudica os ecossistemas. Atua, por exemplo, ao nível da diminuição da poluição e da utilização de substâncias tóxicas e de recursos.
· Economia: é o motor que garante a melhoria da qualidade de vida. Procura constantemente um patamar de eficiência, ao ponto de perceber que o crescimento precisa de ser travado quando já não é positivo.
· Sociedade: é a proteção do capital social. Aborda a importância das comunidades e do ser humano individual, atuando em setores como a saúde e a educação. Centra o impacto que os negócios têm nas pessoas que nele estão envolvidas e na comunidade em que se inserem.
Não poderíamos terminar este texto sem explicar como a sustentabilidade se relaciona com a base deste projeto: a moda. “Moda sustentável” é uma expressão que tem feito correr muita tinta por todo o mundo, ainda que nem sempre seja utilizada da maneira mais correta. Com base nas definições apresentadas, a junção destes dois contextos remete para uma indústria têxtil e de vestuário que garante a continuidade dos recursos. Para além disso, englobando os aspetos sociais e económicos, é uma indústria que fomenta as comunidades e melhora a qualidade de vida das populações.
No seu começo, o termo “moda sustentável” estava tão ligado ao aspeto ambiental que novos adjetivos lhe foram incutidos para destacar os restantes pilares. Hoje ouvimos falar de moda ética, moda verde, moda responsável, entre tantos outros conceitos. As palavras podem mudar, mas o propósito será sempre muito semelhante. A grande diferença é que “moda sustentável” é um oxímoro, já que as duas palavras se contradizem.
Isto porque, sendo uma indústria baseada na produção, no consumo e no descarte, a moda nunca será completamente sustentável. No entanto, pode ser muito mais sustentável do que atualmente é. E é precisamente com esse intuito que iremos trabalhar em conjunto. A Ethica e tu. Juntos, vamos melhorar a indústria da moda, uma palavra de cada vez.
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